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Tem início hoje a conhecida Quaresma de São Miguel, período de penitência que os fiéis livre e generosamente decidem percorrer como forma de preparação para a festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, a celebrar-se em fins de setembro. Apesar de não ser um tempo "oficial" dentro do Ano Litúrgico, o costume bastante piedoso de mortificar-se ao longo dos quarenta dias antecedentes à festa de São Miguel vem desde pelo menos o século XIII e conta entre os seus principais propagadores com ninguém menos que São Francisco, o poverello de Assis. Trata-se, com efeito, não de uma obrigação, à qual todos os fiéis cristãos — pelo dever de penitência que os obriga e pela obediência devida filialmente à Igreja — tem de submeter-se, mas de uma decisão livre e generosa por fazer um pouco mais, por ir um pouco além daquilo que, por dever de justiça, nos é exigido. É meio de crescermos no amor a Deus, amando-O não apenas com um amor servil — que, embora imperfeito, não se pode desprezar —, mas com um amor verdadeiramente filial, com um amor de quem O ama como a um Pai muito querido. É meio de darmos, enfim, aquele passo a mais que Jesus pede ao jovem rico no Evangelho de hoje. Não nos limitemos a guardar os mandamentos; antes, amemos generosa e abundantemente, dando tudo o que temos e possuímos, com um espírito pobre que só deseja amar e servir ao seu Senhor.