Nossa Senhora da Conceição Aparecida
NOSSA SENHORA SALVAI NOSSA NAÇÃO E AUMENTAI A NOSSA FÉ.
Que possamos participar do seu banquete no céu , vestimos com sua vestes para ir para Jesus
Nossa Senhora Aparecida. Se fez negra. Quebrada. Suja. Como os meninos de rua, que a gente se encolhe com medo. Como os mendigos que a gente passa e não vê. Como os doentes nas filas dos SUS, sem direito ao tratamento adequado.
A santa dos invisíveis. A santa dos desvalidos. Do povo. Dos pobres. Dos esquecidos. A santa que se fez igual aos que são barrados na porta. Que é de todos. Mãe por igual. Mãe sem igual. Essa é ela. A santa, cheia de coragem, dá seu recado.
Como se ela dissesse:
- E agora? Vai me destratar também? Vai me discriminar? Valho menos pelo meu aspecto?
A santinha do fundo do rio. Como a gente no fundo do poço. Quantos de nós? Quantas vezes? Maria, a mãe dos quebrados. Dos caídos. Dos partidos pela vida. Dos sem juízo. Dos sem esperança. Ela surge de baixo. Do fundo do rio. E manda na lata:
- Ressurja também. Levante. Recomece.
Ela podia não ter se quebrado, já pensou? Ou ter se dado uma renovada, no fundo do rio mesmo. Voltar linda. Só não quis. Quebrada e suja. Essa é a Aparecida. Para uns, só lixo. Para outros, um sinal de milagre.
Quantos pequenos milagres nos passam e a gente nem vê, apenas despreza? Olha como se fosse lixo? Deixa que passe sem dar valor?
A santinha achada sem cabeça. Eu vivo perdendo a minha também. Ela me representa. Bate aqui, santinha. Somos iguais.
Vida é estátua sem cabeça. Vida sou eu aos pedaços, me colando a cada tombo. A cada dor. Sabendo que o que vem na minha rede é para que eu cresça. Aprenda. De pedaço em pedaço eu chego às minhas conquistas. E me construo uma pessoa melhor.
Maria, apareça. Porque em minha rede não vem peixe. Em meu corpo faltam forças. Em minha vida falta rumo. Me ensine a jogar rede, puxar sem nada e não desesperar. E insistir. Entender que vida é rio sem peixe. Persistir. Ter fé. Que sem fé não se anda. Nem se pesca.
Sem fé, eu não jogo a rede. Sem jogar a rede, nem adianta a fé. Fé exige atitude. Ação. Coragem. Ousadia. Esse é o grande ensinamento.
Maria, faz aparecer a justiça, essa senhora sumida. A vergonha na cara dos corruptos. A empatia dos governantes pelo povo tão sofrido desse Brasil.
Me cobre, Maria, me cobre. Me envolve com teu manto de luz. Me canta, me põe no teu colo. Me pesca do fundo do poço. Me segura pela mão. Quando tudo for breu, seja luz, esperança.
Apareça, Maria, na minha vida, na minha casa, na minha família. Cura o corpo e a alma. Fala mansa, me acalma. Seca meu pranto, me força a nadar. Depois, me abraça forte e me diga só:
- Vai passar.
Mônica é carioca, professora e psicóloga clínica. Especialista em atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias.
Fonte :Por: Mônica Raouf El Bayeh em 12/10/17
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