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Title: Degraus para alcançar a verdadeira Vida
Author: Já É!
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Hoje (30/03), celebração a São João Clímaco, relembramos: Catequese realizada pelo Papa Emérito Bento XVI que apresenta  "escada...
Hoje (30/03), celebração a São João Clímaco, relembramos:


Catequese realizada pelo Papa Emérito Bento XVI que apresenta "escada do paraíso" a partir de João Clímaco (CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 )

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Queridos irmãos e irmãs: 

Depois de vinte catequeses dedicadas ao apóstolo Paulo, quero retomar hoje a apresentação dos grandes escritores da Igreja do Oriente na Idade Média. E proponho a figura de João, chamado Clímaco, transliteração latina do termo grego klímakos, que significa da escada (klímax). Trata-se do título de sua obra principal, na qual descreve a escada da vida humana até Deus. Ele nasceu por volta do ano 575. Sua vida aconteceu nos anos em que Bizâncio, capital do Império romano do Oriente, conheceu a maior crise de sua história. De repente, o quadro geográfico do império mudou e a torrente das invasões bárbaras fez cair todas as estruturas. Restou apenas a estrutura da Igreja, que nesses tempos difíceis continuou com sua ação missionária, humana e sócio-cultural, especialmente através da rede dos mosteiros, nos quais estavam grandes personalidades religiosas, como era precisamente o caso de João Clímaco. 

Entre as montanhas do Sinai, onde Moisés encontrou Deus e Elias ouviu sua voz, João viveu e narrou suas experiências espirituais. Conservaram-se notícias dele em uma breve Vida (PG 88, 596-608), escrita pelo monge Daniel de Raito: aos 16 anos, João, monge no monte Sinai, tornou-se discípulo do abade Martirio, um «ancião», ou seja, um «sábio». Por volta dos 20 anos, escolheu viver como eremita em uma gruta aos pés de um monte, na localidade de Tola, a oito quilômetros do atual mosteiro de Santa Catarina. Mas a solidão não o impediu encontrar pessoas desejosas de ter um guia espiritual, nem visitar alguns mosteiros perto de Alexandria. Seu retiro eremítico, de fato, longe de ser uma fuga do mundo e da realidade humana, conduziu-o a um amor ardente aos demais (Vida 5) e a Deus (Vida 7). Após 40 anos de vida eremítica vivida no amor a Deus e ao próximo, anos durante os quais chorou, rezou, lutou contra os demônios, foi nomeado higúmeno (superior, N. do T.) do grande mosteiro do monte Sinai e voltou assim à vida cenobítica, no mosteiro. Mas alguns anos antes de sua morte, nostálgico da vida eremítica, passou ao irmão, monge do mesmo mosteiro, a guia da comunidade. Morreu depois do ano 650. A vida de João se desenvolve entre duas montanhas, o Sinai e o Tabor, e verdadeiramente se pode dizer dele que irradiava a luz que Moisés viu no Sinai e que os apóstolos contemplaram no Tabor. 

Ele se tornou famoso, como já disse, por sua obra «A Escada» (klímax), chamada no Ocidente de Escada do Paraíso (PG 88, 632-1164). Composta pelas insistentes petições do higúmeno do mosteiro de Raito, perto do Sinai, a Escada é um tratado completo da vida espiritual, na qual João descreve o caminho do monge desde a renúncia ao mundo ate a perfeição do amor. É um caminho que – segundo este livro – acontece através de 30 escadas, cada uma das quais está unida à seguinte. O caminho pode resumir-se em três fases sucessivas: a primeira mostra a ruptura com o mundo, com o fim de voltar ao estado de infância evangélica. O essencial, portanto, não é a ruptura, mas a união com o que Jesus disse, a volta à verdadeira infância em sentido espiritual, o chegar a ser como crianças. João comenta: «um bom fundamento é formado por três bases e três colunas: inocência, jejum e castidade. Todos os recém-nascidos em Cristo (cf. 1 Cor 3, 1) devem começar por estas coisas, tomando o exemplo dos recém-nascidos fisicamente» (1, 20; 636). O afastamento voluntário das pessoas e lugares queridos permite à alma entrar em comunhão mais profunda com Deus. Esta renúncia desemboca na obediência, que é o caminho da humildade, através das humilhações – que não faltarão nunca – por parte dos irmãos. João comenta: «Bendito aquele que mortificou sua própria vontade até o final e que confiou o cuidado de sua pessoa ao seu mestre no Senhor: será colocado à direita do Crucificado» (4, 37; 704). 

A segunda fase do caminho está constituída pelo combate espiritual contra as paixões. Cada escada está unida a uma paixão principal, que é definida e diagnosticada, indicando também a terapia e propondo a virtude correspondente. O conjunto destas escadas constitui sem dúvida o mais importante tratado de estratégia espiritual que possuímos. A luta contra as paixões se reveste de positividade – não se vê como uma coisa negativa – graças à imagem do «fogo» do Espírito Santo: «Todos aqueles que empreendem esta bela luta (cf. 1 Tm 6, 12), dura e árdua, [...], devem saber que vieram para lançar-se ao fogo, se verdadeiramente desejam que o fogo imaterial habite neles» (1, 18; 636), o fogo do Espírito Santo, que é o fogo do amor e da verdade. Só a força do Espírito Santo assegura vitória. Mas, segundo João Clímaco, é importante tomar consciência de que as paixões não são más em si mesmas; só o são pelo mau uso que a liberdade do homem faz delas. Se forem purificadas, as paixões abrem ao homem o caminho para Deus com energias unificadas pela ascética e pela graça e, «se receberam do Criador uma ordem e um princípio..., o limite da virtude não tem fim» (26/2, 37; 1068). 

A última fase do caminho é a perfeição cristã que se desenvolve nos últimos sete degraus da Escada. Estes são os estágios mais altos da vida espiritual, experimentados pelos esicasti, os solitários, que chegaram à quietude e à paz interior; mas são estágios acessíveis também aos cenobitas mais fervorosos. Dos três primeiros – simplicidade, humildade e discernimento – João, em linha com os Padres do deserto, considera mais importante este último, ou seja, a capacidade de discernir. Todo comportamento deve submeter-se ao discernimento, tudo depende, de fato, de motivações profundas, que é necessário explorar. Aqui se entra no profundo da pessoa e se trata de despertar no eremita, no cristão, a sensibilidade espiritual e o «sentido do coração», dom de Deus: «Como guia e regra de todas as coisas, depois de Deus, devemos seguir a nossa consciência» (26/1, 5; 1013). Desta forma se chega à tranquilidade da alma, a esichía, graças à qual a alma pode vislumbrar o abismo dos mistérios divinos. 

O estado de quietude, de paz interior, prepara o esicasta para a oração, que em João é dupla: a «oração corpórea» e a «oração do coração». A primeira é própria de quem deve fazer-se ajudar por posturas do corpo: estender as mãos, sussurrar, bater no peito etc. (15, 26; 900); a segunda é espontânea, porque é efeito do despertar da sensibilidade espiritual, dom de Deus a quem se dedica à oração corpórea. Em João esta toma o nome de «oração de Jesus» (Iesou euché) e é constituída pela invocação do nome de Jesus, uma invocação contínua como a respiração: «A memória de Jesus se faz uma com tua respiração, e então descobrirás a verdade da esichía», da paz interior (27/26; 1112). No final, a oração se torna algo muito simples, a palavra «Jesus» se converte em uma só coisa com a nossa respiração. 

O último degrau da escada (30), repleto da «sóbria embriaguez do Espírito», dedica-se à suprema «trindade das virtudes»: a fé, a esperança e sobretudo a caridade. Da caridade, João fala também como eros (amor humano), figura da união matrimonial da alma com Deus. E escolhe mais uma vez a imagem do fogo para expressar o ardor, a luz, a purificação do amor a Deus. A força do amor humano pode ser reorientada para Deus, como sobre a oliveira pode-se enxertar oliva boa (cf. Rm 11, 24) (15, 66; 893). João está convencido de que uma experiência intensa desse eros faz a alma avançar mais que a dura luta contra as paixões, porque é grande seu poder. Prevalece, portanto, a positividade do nosso caminho. Mas a caridade se vê também em relação estreita com a esperança: «A força da caridade é a esperança: graças a ela esperamos a recompensa da caridade... A esperança é a porta da caridade... A ausência da esperança anula a caridade: a ela estão vinculadas nossas fadigas, por ela nos sustentamos em nossos problemas e graças a ela estamos rodeados pela misericórdia de Deus» (30, 16; 1157). A conclusão da Escada contém a síntese da obra, com palavras que o autor atribui ao próprio Deus:« Que esta escada te ensine a disposição espiritual das virtudes. Eu estou no cume desta escada, como disse aquele grande iniciado meu (São Paulo): ‘Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade’» (30, 18; 1160). 

Neste ponto, impõe-se uma última pergunta: a Escada, obra escrita por um monge eremita que viveu há 1400 anos, pode dizer-nos algo hoje? O itinerário existencial de um homem que viveu sempre na montanha do Sinai em um tempo tão distante, pode ser de atualidade para nós? Em um primeiro momento, pareceria que a resposta deveria ser «não», porque João Clímaco está muito longe de nós. Mas, se observarmos um pouco mais de perto, vemos que aquela vida monástica é só um grande símbolo da vida batismal, da vida do cristão. Mostra, por assim dizer, em letras grandes o que nós escrevemos cada dia com letra pequena. Trata-se de um símbolo profético que revela o que é a vida do batizado, em comunhão com Cristo, com sua morte e sua ressurreição. Para mim, é particularmente importante o fato de que o cume da escada, os últimos degraus sejam ao mesmo tempo as virtudes fundamentais, iniciais, mais simples: a fé, a esperança e a caridade. Não são virtudes acessíveis só aos heróis morais, mas um dom de Deus para todos os batizados: nelas também cresce a nossa vida. O início é também o final, o ponto de partida é também o ponto de chegada: todo o caminho se dirige a uma realização cada vez mais radical da fé, da esperança e da caridade. Nestas virtudes está presente a escada. Fundamentalmente é a fé, porque esta virtude implica em que eu renuncie à arrogância, ao meu pensamento, à pretensão de julgar por mim mesmo, sem confiar-me a outros. Este caminho para a humildade, para a infância espiritual, é necessário: é necessário superar a atitude de arrogância que faz dizer: eu sou melhor, neste tempo meu do século XXI, do que sabiam os que viviam naquele então. É necessário, ao contrário, confiar-se somente à Sagrada Escritura, à Palavra do Senhor, aproximar-se com humildade do horizonte da fé, para entrar assim na enorme vastidão do mundo universal, do mundo de Deus. Dessa forma, nossa alma cresce, cresce a sensibilidade do coração para com Deus. João Clímaco diz justamente que só a esperança nos torna capazes de viver a caridade. A esperança na qual transcendemos as coisas de cada dia, não esperamos o êxito em nossos dias terrenos, mas esperamos finalmente a revelação do próprio Deus. Só nesta extensão de nossa alma, nesta autotranscendência, nossa vida se engrandece e podemos suportar os cansaços e desilusões de cada dia, podemos ser bons com os demais sem esperar recompensa. Só se Deus existe, esta grande esperança à qual tendo, posso cada dia dar os pequenos passos de minha vida e assim aprender a caridade. Na caridade se esconde o mistério da oração, do conhecimento pessoal de Jesus: uma oração simples que só tende a tocar o coração do divino Mestre. E assim se abre o próprio coração, aprende-se d’Ele sua própria bondade, seu amor. Usemos, portanto, esta «escada» da fé, da esperança e da caridade, e chegaremos assim à vida verdadeira. 

[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri


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BENEDETTO XVI
UDIENZA GENERALE
Aula Paolo VI
Mercoledì, 11 febbraio 2009

Giovanni Climaco.
Cari fratelli e sorelle,
dopo venti catechesi dedicate all’Apostolo Paolo, vorrei riprendere oggi la presentazione dei grandi Scrittori della Chiesa di Oriente e di Occidente del tempo medioevale. E propongo la figura di Giovanni detto Climaco, traslitterazione latina del termine greco klímakos, che significa della scala(klímax). Si tratta del titolo della sua opera principale nella quale descrive la scalata della vita umana verso Dio. Egli nacque verso il 575. La sua vita si sviluppò dunque negli anni in cui Bisanzio, capitale dell’impero romano d’Oriente, conobbe la più grande crisi della sua storia. All’improvviso il quadro geografico dell’impero mutò e il torrente delle invasioni barbariche fece crollare tutte le sue strutture. Resse solo la struttura della Chiesa, che continuò in questi tempi difficili a svolgere la sua azione missionaria, umana e socio-culturale, specialmente attraverso la rete dei monasteri, in cui operavano grandi personalità religiose come quella, appunto, di Giovanni Climaco.
Tra le montagne del Sinai, ove Mosè incontrò Dio ed Elia ne udì la voce, Giovanni visse e raccontò le sue esperienze spirituali. Notizie su di lui sono conservate in una breve Vita (PG 88, 596-608), scritta dal monaco Daniele di Raito: a sedici anni Giovanni, divenuto monaco sul monte Sinai, vi si fece discepolo dell’abate Martirio, un "anziano", cioè un "sapiente". Verso i vent’anni, scelse di vivere da eremita in una grotta ai piedi del monte, in località di Tola, a otto chilometri dall’attuale monastero di Santa Caterina. Ma la solitudine non gli impedì di incontrare persone desiderose di avere una direzione spirituale, come anche di recarsi in visita ad alcuni monasteri presso Alessandria. Il suo ritiro eremitico, infatti, lungi dall’essere una fuga dal mondo e dalla realtà umana, sfociò in un amore ardente per gli altri (Vita 5) e per Dio (Vita 7). Dopo quarant’anni di vita eremitica vissuta nell’amore per Dio e per il prossimo, anni durante i quali pianse, pregò, lottò contro i demoni, fu nominato igumeno del grande monastero del monte Sinai e ritornò così alla vita cenobitica, in monastero. Ma alcuni anni prima della morte, nostalgico della vita eremitica, passò al fratello, monaco nello stesso monastero, la guida della comunità. Morì dopo il 650. La vita di Giovanni si sviluppa tra due montagne, il Sinai e il Tabor, e veramente si può dire che da lui si è irradiata la luce vista da Mosè sul Sinai e contemplata dai tre apostoli sul Tabor!
Divenne famoso, come ho già detto, per l’opera la Scala (klímax), qualificata in Occidente comeScala del Paradiso (PG 88,632-1164). Composta su insistente richiesta del vicino igumeno del monastero di Raito presso il Sinai, la Scala è un trattato completo di vita spirituale, in cui Giovanni descrive il cammino del monaco dalla rinuncia al mondo fino alla perfezione dell’amore. E’ un cammino che – secondo questo libro – si sviluppa attraverso trenta gradini, ognuno dei quali è collegato col successivo. Il cammino può essere sintetizzato in tre fasi successive: la prima si esprime nella rottura col mondo al fine di ritornare allo stato dell’infanzia evangelica. L’essenziale quindi non è la rottura, ma il collegamento con quanto Gesù ha detto, il ritornare cioè alla vera infanzia in senso spirituale, il diventare come i bambini. Giovanni commenta: "Un buon fondamento è quello formato da tre basi e da tre colonne: innocenza, digiuno e castità. Tutti i neonati in Cristo (cfr1 Cor 3,1) comincino da queste cose, prendendo esempio da quelli che sono neonati fisicamente" (1,20; 636). Il distacco volontario dalle persone e dai luoghi cari permette all’anima di entrare in comunione più profonda con Dio. Questa rinuncia sfocia nell’obbedienza, che è via all’umiltà mediante le umiliazioni – che non mancheranno mai – da parte dei fratelli. Giovanni commenta: "Beato colui che ha mortificato la propria volontà fino alla fine e che ha affidato la cura della propria persona al suo maestro nel Signore: sarà infatti collocato alla destra del Crocifisso!" (4,37; 704).
La seconda fase del cammino è costituita dal combattimento spirituale contro le passioni. Ogni gradino della scala è collegato con una passione principale, che viene definita e diagnosticata, con l’indicazione della terapia e con la proposta della virtù corrispondente. L’insieme di questi gradini costituisce senza dubbio il più importante trattato di strategia spirituale che possediamo. La lotta contro le passioni, però, si riveste di positività – non rimane una cosa negativa – grazie all’immagine del "fuoco" dello Spirito Santo: "Tutti coloro che intraprendono questa bella lotta (cfr 1 Tm 6,12), dura e ardua, [...], sappiano che sono venuti a gettarsi in un fuoco, se veramente desiderano che il fuoco immateriale abiti in loro" (1,18; 636). Il fuoco dello Spirito santo che è fuoco dell’amore e della verità. Solo la forza dello Spirito Santo assicura la vittoria. Ma secondo Giovanni Climaco è importante prendere coscienza che le passioni non sono cattive in sé; lo diventano per l’uso cattivo che ne fa la libertà dell’uomo. Se purificate, le passioni schiudono all’uomo la via verso Dio con energie unificate dall’ascesi e dalla grazia e, "se esse hanno ricevuto dal Creatore un ordine e un inizio..., il limite della virtù è senza fine" (26/2,37; 1068).
L’ultima fase del cammino è la perfezione cristiana, che si sviluppa negli ultimi sette gradini dellaScala. Questi sono gli stadi più alti della vita spirituale, sperimentabili dagli "esicasti", i solitari, quelli che sono arrivati alla quiete e alla pace interiore; ma sono stadi accessibili anche ai cenobiti più ferventi. Dei primi tre - semplicità, umiltà e discernimento - Giovanni, in linea coi Padri del deserto, ritiene più importante l’ultimo, cioè la capacità di discernere. Ogni comportamento è da sottoporsi al discernimento; tutto infatti dipende dalle motivazioni profonde, che bisogna vagliare. Qui si entra nel vivo della persona e si tratta di risvegliare nell’eremita, nel cristiano, la sensibilità spirituale e il "senso del cuore", doni di Dio: "Come guida e regola in ogni cosa, dopo Dio, dobbiamo seguire la nostra coscienza" (26/1,5;1013). In questo modo si raggiunge la quiete dell’anima, l’esichía, grazie alla quale l’anima può affacciarsi sull’abisso dei misteri divini.
Lo stato di quiete, di pace interiore, prepara l’esicasta alla preghiera, che in Giovanni è duplice: la "preghiera corporea" e la "preghiera del cuore". La prima è propria di chi deve farsi aiutare da atteggiamenti del corpo: tendere le mani, emettere gemiti, percuotersi il petto, ecc. (15,26; 900); la seconda è spontanea, perché è effetto del risveglio della sensibilità spirituale, dono di Dio a chi è dedito alla preghiera corporea. In Giovanni essa prende il nome di "preghiera di Gesù" (Iesoû euché), ed è costituita dall’invocazione del solo nome di Gesù, un’invocazione continua come il respiro: "La memoria di Gesù faccia tutt’uno con il tuo respiro, e allora conoscerai l’utilità dell’esichía", della pace interiore (27/2,26; 1112). Alla fine la preghiera diventa molto semplice, semplicemente la parola "Gesù" divenuta una cosa sola con il nostro respiro.
L’ultimo gradino della scala (30), soffuso della "sobria ebbrezza dello Spirito", è dedicato alla suprema "trinità delle virtù": la fede, la speranza e soprattutto la carità. Della carità, Giovanni parla anche come éros (amore umano), figura dell’unione matrimoniale dell’anima con Dio. Ed egli sceglie ancora l’immagine del fuoco per esprimere l’ardore, la luce, la purificazione dell’amore per Dio. La forza dell’amore umano può essere riorientata a Dio, come sull’olivastro può venire innestato un olivo buono (cfr Rm 11,24) (15,66; 893). Giovanni è convinto che un’intensa esperienza di questoéros faccia avanzare l’anima assai più che la dura lotta contro le passioni, perché grande è la sua potenza. Prevale dunque la positività nel nostro cammino. Ma la carità è vista anche in stretto rapporto con la speranza: "La forza della carità è la speranza: grazie ad essa attendiamo la ricompensa della carità... La speranza è la porta della carità... L‘assenza della speranza annienta la carità: ad essa sono legate le nostre fatiche, da essa sono sostenuti i nostri travagli, e grazie ad essa siamo circondati dalla misericordia di Dio" (30,16; 1157). La conclusione della Scala contiene la sintesi dell’opera con parole che l’autore fa proferire da Dio stesso: "Questa scala t’insegni la disposizione spirituale delle virtù. Io sto sulla cima di questa scala, come disse quel mio grande iniziato (San Paolo): Ora rimangono dunque queste tre cose: fede, speranza e carità, ma di tutte più grande è la carità (1 Cor 13,13)!" (30,18; 1160).
A questo punto, s’impone un’ultima domanda: la Scala, opera scritta da un monaco eremita vissuto millequattrocento anni fa, può ancora dire qualcosa a noi oggi? L’itinerario esistenziale di un uomo che è vissuto sempre sulla montagna del Sinai in un tempo tanto lontano può essere di qualche attualità per noi? In un primo momento sembrerebbe che la risposta debba essere "no", perché Giovanni Climaco è troppo lontano da noi. Ma se osserviamo un po’ più da vicino, vediamo che quella vita monastica è solo un grande simbolo della vita battesimale, della vita da cristiano. Mostra, per così dire, in caratteri grandi ciò che noi scriviamo giorno per giorno in caratteri piccoli. Si tratta di un simbolo profetico che rivela che cosa sia la vita del battezzato, in comunione con Cristo, con la sua morte e risurrezione. E’ per me particolarmente importante il fatto che il vertice della "scala", gli ultimi gradini siano nello stesso tempo le virtù fondamentali, iniziali, più semplici: la fede, la speranza e la carità. Non sono virtù accessibili solo a eroi morali, ma sono dono di Dio a tutti i battezzati: in esse cresce anche la nostra vita. L’inizio è anche la fine, il punto di partenza è anche il punto di arrivo: tutto il cammino va verso una sempre più radicale realizzazione di fede, speranza e carità. In queste virtù tutta la scalata è presente. Fondamentale è la fede, perché tale virtù implica che io rinunci alla mia arroganza, al mio pensiero; alla pretesa di giudicare da solo, senza affidarmi ad altri. E’ necessario questo cammino verso l’umiltà, verso l’infanzia spirituale: occorre superare l’atteggiamento di arroganza che fa dire: Io so meglio, in questo mio tempo del ventunesimo secolo, di quanto potessero sapere quelli di allora. Occorre invece affidarsi solo alla Sacra Scrittura, alla Parola del Signore, affacciarsi con umiltà all’orizzonte della fede, per entrare così nella vastità enorme del mondo universale, del mondo di Dio. In questo modo cresce la nostra anima, cresce la sensibilità del cuore verso Dio. Giustamente dice Giovanni Climaco che solo la speranza ci rende capaci di vivere la carità. La speranza nella quale trascendiamo le cose di ogni giorno, non aspettiamo il successo nei nostri giorni terreni, ma aspettiamo alla fine la rivelazione di Dio stesso. Solo in questa estensione della nostra anima, in questa autotrascendenza, la vita nostra diventa grande e possiamo sopportare le fatiche e le delusioni di ogni giorno, possiamo essere buoni con gli altri senza aspettarci ricompensa. Solo se c’è Dio, questa speranza grande alla quale tendo, posso ogni giorno fare i piccoli passi della mia vita e così imparare la carità. Nella carità si nasconde il mistero della preghiera, della conoscenza personale di Gesù: una preghiera semplice, che tende soltanto a toccare il cuore del divino Maestro. E così si apre il proprio cuore, si impara da Lui la stessa sua bontà, il suo amore. Usiamo dunque di questa "scalata" della fede, della speranza e della carità; arriveremo così alla vera vita.


 Fonte del podcast: Radio Vaticana via FeedRss
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