Meios eficazes para assegurar o sucesso da trezena e suas orações:
* Pureza de coração
Antes de ajoelharmos diante do Senhor, recomenda-te ao Espírito Santo,
dispõe tua alma à oração.Essa é também a condição que Santo Antônio de Pádua
exige daqueles que recorrem à sua poderosa intercessão. Ora, a melhor
disposição de nossa alma, para assegurar o sucesso da trezena, é, antes de tudo
purificá-la por uma boa confissão. Amo os corações puros, disse o Senhor, e
suas súplicas me são sempre agradáveis.
*Obras de caridade
À pureza de coração, condição essencial para receber graças,
aconselhamos insistentemente juntar uma obra de caridade. Como é a Santo
Antônio que se dirige, para obter mais seguramente qualquer favor, é bom
interessá-lo pela nossa causa, prometendo-lhe, em troca do favor concedido,
certa esmola para seus pobres. Esse piedoso costume garante de antemão o êxito
da trezena. Temos inúmeras provas que aqui são enumeradas; encontra-se, no fim
dos exercícios, um capítulo especialmente consagrado a esse assunto.
*Oração particular a Santo Antônio para recitar antes de cada exercício da
trezena
Eu vos saúdo, grande Santo Antônio pai e protetor. Eis-me humildemente prostado
a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de Nosso Senhor Jesus
Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que
desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto
inteiramente. Peço-vos, amável Santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a
quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto
honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus menino que carregastes em
vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste
mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar
diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que
tenho em vossa proteção. Assim seja.
13 DIA – GLORIFICAÇÃO DE SANTO ANTÔNIO
Havia onze anos que Santo Antônio trazia as librés do serafim de Assis,
quando o céu corou de glória e honra sua fecunda carreira. Vivera apenas trinta
e seis anos, e, nesse pouco tempo, sua vida enchera-se de obras e de méritos. Não
foi, entretanto, sua partida para o reino eterno o fim de seu apostolado. Santo
Antônio vive ainda entre nós com o mesmo poder que nos dias de sua existência terrestre.
Jesus Cristo, para no-lo conservar, por um prodígio tocante, transformou seu
túmulo numa cadeira de verdade, de onde não cessa de nos falar. Sua santa língua,
que convertera milhares de pecadores e reunira em torno dele os peixes do mar para
confundir nossa indiferença; essa língua, que se fizera ouvir em todos os idiomas,
como no dia de Pentecostes, ressuscitara mortos, consolara tantas almas, curara
tantas doenças; essa língua que o Papa chamara a arca do testamento, onde se conserva
o maná do céu e a vara miraculosa de Moisés: essa língua, enfim, que se reduzira
ao silêncio para nos ensinar a humildade, a renúncia e a união com Deus, está
realmente entre nós. Trinta e dois anos após sua morte fez-se a trasladação das
relíquias do taumaturgo. Quando se lhe exumaram os ossos e o corpo reduzira-se a
cinzas, a língua somente estava intacta, fresca e vermelha como a de um homem vivo.
Em presença de fato tão extraordinário, o seráfico Boaventura, não podendo conter
a emoção, tomou-a entre as mãos e exclamou, beijando-a com efusão: "Ó língua
'bendita, que não cessastes de louvar a Deus e que o fizestes louvar por um número
infinito de almas, vê-se agora quanto sois preciosa diante de Deus!" Depois,
fê-la encaixar em um relicário de ouro, legando-a assim à veneração dos povos
para com esse grande Santo. Os milagres que não cessavam um só dia, em grande número,
aumentaram ainda.
Ó ilustre Antônio, arca do testamento como me devo regozijar com vossa
gloria! Oh! Sim, direi com São Boaventura, é bem fácil compreender quanto sois caro
a Deus, quanto o amais! Arrependo-me de não vos ter melhor conhecido. Não tenho
glorificado bastante aquele, que o céu, glorificou de maneira tão
surpreendente. Oh! como era justo que vossa memória não fosse enterrada no silêncio
e no esquecimento, vós que não cessastes um instante de fazer conhecer e louvar
a Deus, esquecendo o vosso eu; vós que trabalhastes com todas as forças para que
eu participasse de vossa beatitude! Poderei dizer o mesmo de mim? Se partir agora
desta terra, que deixarei após mim, senão exemplos de tibieza, infidelidades
nos meus deveres, ambições, orgulho e, quem sabe, escândalos funestos? Posso medir
a extensão do mal que fiz com minha língua, por maledicências, calúnias, maus conselhos,
propósitos irreligiosos ou ao menos indiscretos? Que fiz para ensinar os outros
a bendizer a Deus e servi-lo? Entretanto, a tudo isso era obrigado, como cristão,
por minha posição e deveres; ao menos deveria fazê-los por meus exemplos.
EXEMPLO
No momento em que Santo Antônio entregava a Deus sua bela alma, no
convento de Pádua, apareceu em Vercelli ao padre abade dos beneditinos dessa
cidade. Fora o abade seu mestre em alta teologia e na ocasião sofria
cruelmente, desde muitos dias, de violento mal da garganta. Antônio,
apareceu-lhe subitamente: “Padre abade, disse-lhe, deixei minha cavalgadura em Pádua,
e vou para a pátria”. Ao mesmo tempo aproximou-se do doente, tocou-lhe a
garganta, curou-o e desapareceu. O abade pensou ter recebido a visita
inesperada de Santo Antônio; espantou-se somente que fosse tão curta. Saiu
imediatamente da cela, percorreu o mosteiro, perguntando aos que encontrava
onde estava o padre Antônio. “Ele acaba de sair da minha cela, exclamava o abade,
depois de me ter curado do mal atroz que eu sofria”. Os religiosos não
duvidaram do milagre operado na pessoa de seu pai, porque sabiam que ele estava
incapaz de pronunciar uma sílaba; mas nenhum deles vira o padre Antônio. Pouco
depois, o superior e os religiosos souberam que o glorioso taumaturgo morrera
na tarde de 13 de junho (1231), quer dizer, no dia e hora em que tivera lugar a
bem-aventurada aparição.
Máxima de Santo Antônio: “Aquele
que se deu por nós nos dará todas Nào confiemos na glória do mundo porque é
enganadora”.
ORAÇÃO
Bem aventurado Antônio, vós cuja língua abençoada ensinou aos homens a
louvar a Deus, tende piedade de minha alma! Lembrai-vos, meu Santo Protetor,
que não é unicamente por vós que Deus vos cobriu de tanta glória e poder, foi
também por mim, para ensinar-me a recorrer a vós em todas as necessidades da
alma ou do corpo, para esta vida e principalmente para a outra.
Santo Antônio, meu caro e bem amado pai, suplico-vos, tomai os
interesses de minha alma, velai sobre mim nas tentações, ajudai-me nos
combates, e, quando chegar o momento da morte, ficai junto a mim, para
introduzir-me na morada bem aventurada, onde poderei contemplar-vos e
agradecer-vos no seio de Deus, perto de Maria, na companhia dos anjos e de
todos os santos. Concedei-me também a graça particular que vos peço durante
esta trezena. Assim seja.